RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS

Dia 18 de Setembro, Quarta-Feira - 19:30h
AS MULHERES DE DUAS PONTES: AS REPRESENTAÇÕES DO FEMININO EM O RISCO DO BORDADO, DE AUTRAN DOURADO 
Prof. Ms. Ana Gabriela Gonçalves Ribeiro (Publicidade/PITÁGORAS)

Pensar como Autran Dourado utilizou figuras de linguagem para representar as personagens femininas do romance O risco do bordado e, a partir de elementos como cor da pele e dos cabelos, cheiros, partes do corpo, roupas, gestos e atitudes, como o autor criou, sob o ponto de vista masculino, um mito da mulher mineira, composto pelo atravessamento das diferentes mulheres que marcaram a infância e a adolescência do protagonista é o que está em questão aqui – sem descuidar, contudo, das construções de gênero presentes no romance, observando a elaboração da subjetividade das personagens e como o escritor mineiro desconstrói os mitos que ergueu ao longo da narrativa.

Dia 18 de Setembro - Quarta-Feira - 19:30h
À SOMBRA DA FIGUEIRA: ENCONTRO COM A SENHORA H. 
Thaise Maria Dias (Filosofia/UNIMONTES)
Hilda Hilst (1930-2004) só poderia imprimir suas tessituras sobre a abissal ponte que sua literatura ergue sobre a beleza, cuja primeira referência é a mãe Bebecilda Vaz Cardoso e depois ela mesma, considerada a mulher mais bela da sua geração e a loucura do pai, o poeta Apolônio de Almeida Prado Hilst. Beleza, amor, loucura e morte intrinsecamente entrelaçados na busca obsessiva pelo transcendente, marcam definitivamente a escrita hilstiana e exasperam o estado agônico de alguém que só encontrou o vazio como eco das suas perguntas. Em São Paulo, no ano de 1945, morando sozinha e vivendo na boemia em meio à efervescência cultural da cidade: cinema, teatro, dança, literatura, arquitetura, anseio de liberdade sexual e política, festas, homenagens e viagens à Europa, a autora imprimia a sua volta “um traço de saudável libertinagem”, com um comportamento muito ousado para a época, e, sobretudo, para a alta sociedade paulistana dos anos de 1950/1960. Após ler Carta a El Greco, do escritor Nikos Kazantzakis (1883-1957), Hilda Hilst resolve abandonar o modo de vida que levara até então, decidindo viver reclusa nos arredores de Campinas, na casa que batizou com o nome de “Casa do Sol” para dedicar-se integralmente à literatura. À sombra da figueira folheemos a complexa produção literária de Hilda Hilst que se configura como um gesto escritural marcado pela transgressão. 
Dia 19 de Setembro - Quinta-Feira - 19:30h
O CORPO-CAVERNA: AFFONSO ÁVILA E O BARROCO
Prof. Dr. Anelito de Oliveira (Letras/UNIMONTES)
A conferência abordará a aquisição de uma verdade barroca pela poética de Affonso Ávila (1928/2012), analisando, para tanto, os "Sonetos à amada gestante", pertencentes à coletânea "Sonetos da Descoberta" publicada pelo autor mineiro em 1953. Procurar-se-á, com base no conceito deleuziano de "pli" (dobra), caracterizar essa verdade como resultante de um processo empírico, material, corpóreo, cuja imagem precisa é a caverna platônica, processo com que o poeta supera a compreensão classicizante, idealista, anímica, de poesia. 
Dia 20 de Setembro - Sexta-Feira - 19:30h
O humor filosófico de Guimarães Rosa 
Prof. Dr. Marcelo Marques, Filosofia/UFMG
Comentário do prefácio "Aletria e hermenêutica", do livro Tutaméia - Terceiras estórias (1967), de João Guimarães Rosa (1908-1967).
Dando destaque à noção de "humor" tanto enquanto é efetivamente praticada no próprio texto, como na medida em que é objeto de reflexão poético-filosófica. O texto literário faz humor e, ao mesmo tempo, reflete sobre a comicidade, através de uma sequência vertiginosa de anedotas de "nonsense" ou de piadas sobre o não-ser, donde o tom filosófico do prefácio.